quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Seu bebê veio ao mundo com um temperamento que é só dele: agitado, plácido, tímido...

Uma criança educada, comportada, tranqüila e bem-resolvida é o sonho de consumo de todos os pais. Só que não dá para tirar esse filho prontinho assim da cartola - ou, melhor dizendo, da barriga da mãe. Bem-vindos à realidade: educar uma criança demanda um certo trabalho, sim, desde o berço. A primeira providência é reconhecer que esse pequeno ser tem um temperamento próprio, que precisa ser desvendado e levado em conta. "O bebê já nasce com determinadas tendências de comportamento que irão se confirmar ou não de acordo com o relacionamento que os adultos estabelecerem com ele", observa Lino de Macedo, professor de psicologia do desenvolvimento do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).A química Maria do Carmo Marinho Moraes, 39 anos, mãe de João Pedro, 4 anos, e Lucas, 3 meses, convenceu-se disso com a chegada do segundo filho. Os dois garotos têm temperamentos completamente distintos. "O João foi um bebê agitado, chorão e voluntarioso. O Lucas é muito calmo e risonho", compara ela. A maneira como cuidou de cada filho também foi diferente. "Como éramos inexperientes, meu marido e eu mimamos demais o João Pedro. Ele mal ensaiava um chorinho e já estávamos lá acudindo. Nos primeiros três meses, não desgrudei dele para nada. Depois que retomei o trabalho, voltava para casa à noite e ficava por conta dele. Com tudo isso, João foi se acostumando a ser o centro das atenções. Virou um menino mimado e que não suporta ouvir um não", reconhece ela. Mais descolada, e aproveitando a placidez do caçula, Maria do Carmo empregou outra tática com o pequeno Lucas. Nada de dar colinho ao menor choramingo; espera pelo menos alguns minutos para ver se ele se acalma sozinho. Se persistir a choradeira, aí ela irá olhar o que o menino quer. Nem por isso Maria do Carmo deixa de ouvir as reivindicações do filho e de atendê-las. "O Lucas gosta de ter sempre alguém por perto. Então, eu o coloco no carrinho no ambiente em que estou e ele fica numa boa." É assim mesmo que os pais precisam agir, segundo os especialistas.Se um bebê agitado e voluntarioso não aprende os limites da convivência em grupo, pode virar um bagunceiro inveterado, desobediente e mal-educado. No outro extremo, aquele mais calminho e retraído, sem os estímulos necessários, corre o risco de se transformar num tímido diante dos desafios que encontrará pela vida. Descobrindo o quanto antes os traços mais marcantes do temperamento da criança, os pais podem aprender a lidar com as diferenças e educar melhor.

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